quinta-feira, 11 de março de 2010

Artur era um menino miudinho, magrinho que estava com oito anos, mas aparentava ter seis. Não fazia amizades, e era um problema na escola especializada em excepcionais.
Inquieto, violento, Artur era o terror das crianças menores, e constante preocupação dos professores. Ele vivia no seu mundo e não se comunicava. Só agredia, por isso, estava sempre dando pontapés nos outros.
Certo dia, Ana Rosa, uma inteligente orientadora pedagógica daquela instituição, resolveu procurar Artur. Tentando fazer com que ele conversasse com ela, Ana Rosa perguntou:
- Oi, Artur, tudo bem?
O menino olhou para Ana com um misto de desconfiança e raiva e nada falou. A orientadora tocou de leve no braço dele, na tentativa de fazer um carinho. Artur já se preparava para lhe dar um de seus pontapés. Agressivo, como sempre fazia quando alguém se aproximava, disse, como se estivesse ameaçando Ana:
- Não gosto de você!
Mas Ana queria conquistar aquela criança arredia, e fez de conta que nada ouviu. Então sorriu e, carinhosamente falou:
- Pois eu gosto muito de você!
Surpreso, Artur se afastou dela e saiu correndo.
Ana Rosa então, fez algumas anotações em sua agenda e voltou para eu setor na escola.
Decidida, resolveu visitar a casa de Artur. Conversou com alguns vizinhos do menino e descobriu que ele era filho de mãe solteira, e que o tinha abandonado, ainda recém-nascido. Uma tia idosa é quem o criava. Mas ela era alcoólatra e quando estava bêbada, costumava bater em Artur, e ainda se divertir com isso.
Artur nunca soube o que era carinho, atenção, amor...
Ana Rosa ficou com o coração apertado e decidiu ajudar aquele menino tão carente de tudo.
O primeiro passo era ganhar a confiança dele.
E, começou a sua tentativa de conquistar aquela criança. Todas as vezes que encontrava Artur, Ana Rosa dizia:
- Oi Artur!... Não se esqueça: Eu gosto de você!...
O gelo começou a derreter.
Para surpresa geral, Artur permitiu uma aproximação. Ele já brincava com Ana.
Aos poucos Ana conseguiu entrar no pequeno mundo de Artur, cheio de medos e angústias, sombras... Mas que ela estava conseguindo afastar, uma a uma, com a luz infalível de apenas três palavras: “Eu gosto de você!”
O tempo foi passando e Artur começou a se modificar. Se tornou comunicativo, aprendeu a sorrir... Já era capaz de conviver com outras crianças, sem brigas...
E, então veio uma surpresa maravilhosa: Ele mostrou sua inteligência e sensibilidade. Todos sabiam que Artur era excepcional, mas isso nunca foi um problema. Seu problema era ser um menino amedrontado que se escondia num mundo de fantasia protegido pela agressividade.
Meses mais tarde, Artur conseguiu ser encaminhado para uma escola para crianças de nível mental mais desenvolvido.
Ana Rosa, abraçando Artur, se despediu dele dizendo carinhosamente:
- Eu o verei sempre, Artur. E não se esqueça: Eu gosto de você!
Emocionado, com os olhos chios de lágrimas, Artur respondeu:
- Eu também gosto muito, muito mesmo, de você!


LIÇÃO DE VIDA:
Muitas vezes, algumas simples, mas sinceras palavras, dizem muito e provocam grandes transformações nas pessoas.

André Lyra

Nenhum comentário:

Postar um comentário