Existe uma confusão, aliás várias, a respeito do amor. Uma delas é a que podemos chamar de “amor-necessidade” ou “amor-deficiência”, que no fundo não é amor, é um estado de dependência. Neste estado de dependência amorosa, você dá para o outro as suas carências e cobra dele o preenchimento de suas deficiências. Fica claro que não é verdadeiro amor – é uma necessidade. Você usa o outro, você o usa como um meio, um provedor emocional. Você explora, manipula, domina. Usar outro ser humano é desrespeitá-lo, é uma profunda demonstração de desamor.
Uma criança recém-nascida depende totalmente de sua mãe. Seu amor para com a mãe é um “amor-deficiência” – ela precisa da mãe, não pode sobreviver sem ela. De fato, não é realmente amor – ela amará qualquer mulher, quem quer que a proteja, quem quer que a alimente, quem quer que satisfaça suas necessidades. O problema é que milhões de pessoas continuam crianças por toda a vida, num sentido amoroso. Elas jamais crescem. Estão sempre precisando de cuidados, ansiando, agora, pelo alimento emocional que o parceiro (a) pode dar.
E o ser humano amadurece no momento em que começa a amar em vez de necessitar. Seu relacionamento não é de abastecimento e sim de transbordamento. Ele começa a transbordar, a partilhar; ele começa a dar. A ênfase é totalmente diferente. Com o primeiro, a ênfase está em como obter mais. Com o segundo, a ênfase está em como dar mais, em como dar incondicionalmente. Só uma pessoa madura pode dar amor, porque só a pessoa madura o tem. Então, seu amor não é dependente.
O que acontece quando uma flor floresce numa floresta sem ninguém para apreciá-la ou tomar conhecimento de sua fragrância, de seu perfume? Será que ela morre? Sofre? Fica apavorada? Comete suicídio? Ela continua a florescer. Não faz nenhuma diferença se alguém passa ou não; isso é irrelevante. Ela continua espalhando no ar sua fragrância. Assim é com o verdadeiro amor. O amor não é uma relação. É um estado da pessoa amorosa. Uma pessoa verdadeiramente amorosa ela ama porque é essa a sua natureza, seu amor não brota apenas na presença de determinada pessoa. O outro recebe o amor que transborda de uma coração pleno – e esse é o “amor-dádiva”, o verdadeiro amor.
PENSE NISSO!
André Lyra
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