terça-feira, 13 de julho de 2010

A FORTUNA E O MENDIGO


Um dia, um mendigo estava se arrastando de casa em casa, carregando uma malinha velha. Em cada porta pedia alguns centavos para comprar comida. Se queixava da vida, imaginando por que as pessoas que tinham bastante dinheiro nunca estavam satisfeitas, e queriam sempre mais.
Ele dizia:
- O dono desta casa, por exemplo. Eu conheço ele muito bem. Sempre foi bem nos negócios e, há muito tempo, ficou milionário. Pena que não teve sabedoria de parar por ali. Podia ter transferido os negócios para outra pessoa e passado o resto da vida descansando. Mas, ao invés disso, o que foi que ele fez? Resolveu construir navios, para vendê-los a países estrangeiros. Pensou que ia ganhar montanhas em ouro. Mas, caíram fortes tempestades, os navios naufragaram e toda a sua riqueza foi engolida pelas ondas. Agora, todas as suas esperanças estão no fundo do mar.
O mendigo continuou:
- Há muitos casos como esse. Os homens nunca ficam satisfeitos enquanto não conseguem ganhar o mundo inteiro! Quanto a mim, se tivesse o suficiente para comer e me vestir, não ia querer mais nada!
Nesse momento, a Fortuna veio descendo a rua, mas parou quando viu o mendigo e disse:
- Escute aqui! Há muito tempo venho querendo ajudar você. Segure sua malinha enquanto eu despejo umas moedas de ouro nela. Porém, só faço isso com uma condição: o que ficar na malinha será ouro puro, mas o que cair no chão vai virar poeira. Está entendendo?
O mendigo, todo feliz, respondeu:
- Sim, sim, claro, compreendo.
A Fortuna continuou:
- Então, tome cuidado. Sua malinha está velha, é melhor não a encher muito.
O mendigo estava tão contente que mal podia esperar . Abriu rapidamente a malinha e uma grande quantidade de moedas de ouro foi despejada ali dentro. Logo a malinha foi ficando muito pesada.
A Fortuna, então, perguntou:
- Já é o bastante para você?
E o mendigo respondeu:
- Ainda não! Pode colocar mais!
A Fortuna falou:
- Mas a malinha já não está rachando?
E o mendigo não se importando com isso, disse:
- Que nada! Cabem muitas moedas ainda!
As mãos do mendigo começaram a tremer e ele pensava: “Ah, se eu pudesse sempre ganhar essa grande quantidade de ouro!”
E, então, a Fortuna avisou ao mendigo:
- Agora, você já é o homem mais rico do mundo!
Não satisfeito o homem pediu:
- Só mais um pouquinho, só mais uns punhados de moedas!
A Fortuna atendeu o pedido e disse:
- Pronto, já está cheia. Essa malinha vai explodir!
Mas o homem insistia:
- Não, não, não! a malinha ainda agüenta um pouquinho, só mais um pouquinho!
Caiu mais uma moeda e a malinha estourou. O tesouro caiu no chão e virou poeira. A Fortuna havia desaparecido. Agora, o mendigo só tinha mesmo a malinha vazia e, ainda por cima, toda rasgada. Estava mais pobre do que nunca!


O QUE APRENDEMOS:
Quem tudo quer, tudo perde!

André Lyra

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