terça-feira, 13 de abril de 2010

TOLERÂNCIA NÃO SIGNIFICA APROVAR O QUE SE TOLERA...

Meu amigo, Para viver confortavelmente ou, o menos desconfortavelmente possível com um neurótico, é preciso aceitar primeiro, total e inequivocamente, o fato de que o outro é doente e que as pessoas perturbadas agem de maneira claramente anormal.

É importante para que alguém possa viver em paz com uma pessoa perturbada, que espere que ela aja como neurótica. Não se espera que um paralítico ande. Se esperar que um indivíduo perturbado aja como uma pessoa perfeitamente sadia, racional, “normal”, está condenado à desilusão. Acredito que ninguém espere que um bebê aja como um adulto, que um pastor aja como um desordeiro de botequim. Por que, então, deve alguém esperar que um neurótico aja como um indivíduo bem ajustado, amadurecido?

Se ao menos todos nós – os neuróticos e os normais – fossemos suficientemente realísticos para aceitar o fato de que os neuróticos agem neuroticamente, todos ficariam, automaticamente, menos abatidos, menos desiludidos, quando as pessoas agem de maneira “incorreta”.

Muito bem! Então o João se embriaga todas as noites e apronta as maiores badernas; então o Carlos nos ofende na rua; então a Dona Maria espiona todas as atividades de suas vizinhas. Mas, o que se poderia de esperar de neuróticos como o João, o Carlos e a Dona Maria? Que não bebam, sejam delicados e não tenham desconfianças? Isso é tão fácil de esperar quanto um flamenguista doente aplauda um gol do Vasco contra o seu time.

O que é importante, ao aceitar um neurótico tal como é, não será personalizar seu comportamento em relação à pessoa mais próxima. É natural, como resultado de sua perturbação, que ele aja às vezes, de maneira negativa. Mas, ele não está contra um indivíduo em particular - nada é pessoal - trata determinada pessoa, que pode ser você, como trataria qualquer outra – e, com freqüência como ele trata a si mesmo. Ele pode ser, em suas ações, maldoso ou estúpido. Na verdade, é apenas neurótico e, devido à sua neurose, é levado a fazer coisas maldosas ou estúpidas.


André Lyra

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