segunda-feira, 28 de junho de 2010

EVITE SOFRER

Vamos falar inicialmente sobre a natureza dos fatos. Podem ser de dois tipos: o primeiro é o fato que é independente da ação humana e o segundo é o fato que tenha uma origem humana. O sistema solar, por exemplo, é um fato da natureza; já as naves espaciais ou os satélites de comunicação são produtos humanos. O fato de o alimento ser necessário a seres humanos é um fato da natureza; ser vegetariano ou carnívoro é uma opção humana. Ou seja, os fatos da natureza são independentes da consciência e das crenças e sentimentos de alguém ou de todos. Tal fato tem de ser; nenhuma alternativa é possível. Ele é inalterável pela ação das pessoas. Por outro lado, nenhum fato fabricado pelo homem é necessário; nenhum tinha de ser, porque foi fruto de uma escolha. Os fatos da natureza não estão sujeitos à apreciação de ninguém. Ou melhor, você pode gostar ou não deles, aprová-los ou desaprová-los, elogiar ou acusar, mas não fará a menor diferença, não alterará nada, nadinha. Não cabem ser julgados com bons ou maus, certos ou errados. Eles simplesmente são, e ponto final. E, o que é que essa conversa toda tem a ver com a sua vida, meu querido internauta? É o que você deve estar se perguntando. Ao não aceitar os fatos que são impostos pela vida, você abre as portas para o sofrimento entrar em seu coração. Por exemplo, morre uma pessoa querida, por causas naturais e você não se conforma, porque quer impor seu desejo sobre a existência. É bem compreensível se você não gostar, mas é absurdo não aceitar. Isso equivale a negar a realidade. Você irá sofrer na sua inútil tentativa de “reescrever a realidade”, imaginando inutilmente uma alternativa para ela. Para você não sofrer tanto, meu querido amigo, lembre-se: é sua responsabilidade adaptar-se ao universo e não ao contrário.


REFLITA OK

André Lyra

Um comentário:

  1. Minimamente Feliz

    A Felicidade é a soma das pequenas felicidades. Li essa frase num outdoor em em Foz do Iguaçú e soube, naquele momento, que meu conceito de felicidade tinha acabado de mudar.

    Eu já suspeitava que felicidade com letras maiúsculas não existia, mas dava a ela o benefício da dúvida. Afinal desde que nos entendemos por gente aprendemos a sonhar com essa felicidade no superlativo.

    Mas ali, vendo aquele outdoor estrategicamente colocado no meio do meu caminho (que de certa forma coincidia com o meio da minha trajetória de vida), tive certeza de que a felicidade, ao contrário do que nos ensinaram os contos de fadas e os filmes de Hollywood, não é um estado mágico e duradouro.

    Na vida real, o que existe é uma felicidade homeopática, distribuída em conta-gotas.

    Um por do sol aqui, um beijo ali, uma xícara de café recém coado,

    Um livro que a gente não consegue fechar, uma mulher que nos faz sonhar, um amigo que nos faz rir.

    São situações e momentos que vamos empilhando com o cuidado e a delicadeza que merecem, alegrias de pequeno e médio porte e até grandes (ainda que fugazes) alegrias.

    Eu contabilizo tudo de bom que me aparece, sou adepto da felicidade homeopática. Se o ziper daquela bermuda que eu adoro voltar a fechar (ufa!) ou se pego um congestionamento muito menor do que eu esperava, tenho consciência de que são momentos de felicidade e vivo cada segundo.

    Alguns crescem esperando a felicidade com letras maiúsculas e na primeira pessoa do plural:”Eu me imaginava sempre com uma mulher linda do lado, dizendo que me amava e me levando para lugares mágicos”.

    Agora, se descobre que dá para ser feliz no singular: Quando estou na estrada dirigindo e ouvindo as músicas que eu amo, é um momento de pura felicidade. Olho a paisagem, canto, sinto um bem estar indescritível.

    Um empresário que conheci recentemente me contou que estava falando e rindo sozinho quando a esposa chegou em casa. Assustada ela perguntou com quem ele estava conversando: Comigo mesmo, respondeu. Adoro conversar com pessoas inteligentes.

    Criado para viver grandes momentos, grandes amores e aquela felicidade dos filmes, o empresário trocou os roteiros fantasiosos por prazeres mais simples e aprendeu duas lições básicas:

    1- Que podemos viver momentos ótimos mesmo não estando acompanhadas e

    2- Que não tem sentido esperar até que um fato mágico nos faça felizes.

    Esperar para ser feliz, aliás, é um esporte que abandonei há tempos. E faz parte da minha “dieta de felicidade” o uso moderadíssimo da palavra “quando”.

    Aquela história de “quando eu ganhar na Mega Sena”, “quando eu me casar”, “quando eu tiver filhos”, “quando meus filhos crescerem”, “quando tiver um emprego fabuloso” ou “quando encontrar uma mulher que me mereça”, tudo isso serve apenas para nos distrair e nos fazer esquecer da felicidade de hoje.

    Esperar a príncesa encantada, por exemplo, tem coisa mais sem sentido? Mesmo porque quase sempre as súditas são mais interessantes do que as princesas; ou você acha que o Parker- Bowles está mais bem servido do que o D. Beckham?

    Como tantos já disseram tantas vezes, aproveitem o momento, amigos. E quem for ruim de contas recorra a calculadora para ir somando as pequenas felicidades.

    Podem até dizer que nos falta ambição, que essa soma de pequenas alegrias é uma operação matemática muito modesta para nossos tempos. Que digam!

    Melhor ser minimamente feliz várias vezes por dia do que viver eternamente em compasso de espera.

    André Lyra

    ResponderExcluir