Muita gente se sente frustrada porque nunca viveu um amor daqueles que o cinema mostra. Estes conceitos cinematográficos criaram um mito que diz que a vida não foi realmente vivida, que não valeu a pena, se você não tiver amado com uma intensidade máxima. É claro que estar apaixonado é delicioso, mas é bem diferente do verdadeiro amor. A paixão só ocorre entre duas pessoas que não se conhecem muito bem. à medida que vão se conhecendo, com o passar do tempo, começa um processo de desidealização. Antes víamos a pessoa pela qual estávamos apaixonados como maravilhosa, perfeita. à proporção em que vai se conhecendo, esta imagem idealizada vai se desfazendo, e fica a pessoa verdadeira, real. Só então, o amor pode se instalar. A descrição fantasiosa de amor, conforme feita pela mídia, faz com que seja difícil para qualquer um achar que teve um amor tão maravilhoso como se vê nos filmes. Eu acho que o fato de tornar o romance tão impossivelmente atraente faz com que muitos de nós já tenhamos experimentado a sensação de estar perdendo alguma coisa na vida, ao passo que tudo que estamos perdendo é a versão hollywoodiana do amor perfeito, como se ele existisse num momento da vida. Mas, infelizmente, estamos viciados na visão cinematográfica, e isso nos encoraja a casar com aquela pessoa enquanto ainda estamos apaixonados. Nós queremos ficar juntos antes que o nosso estado romântico aturdido evapore ou amenize. Infelizmente, isso significa que assumimos um compromisso, embriagados com as nossas próprias emoções, antes de sabermos quem é realmente a pessoa com a qual estamos. Enfim, meu querido internauta: a paixão é aquilo que, depois do casamento, se chama engano.
André Lyra
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