Meu querido internauta: é comum receber no meu emaio amigos – sempre mulheres – que reclamam que ninguém quer “assumi-las”. São mulheres que não se sentem capazes de tomar conta de si mesmas. Essas pessoas precisam de alguém mais forte do ponto de vista psicológico, que seja responsável por elas. A ideia que as move é obter segurança e proteção suficiente para enfrentar uma realidade percebida como muito ameaçadora. Esse tipo de dependência é das mais resistentes, porque a pessoa a experimenta como se fosse uma questão de vida ou morte. Não se procura o amor, a ternura ou o sexo, mas a sobrevivência em estado puro. A origem dessa dependência parece estar na superproteção dos pais durante a infância e na crença aprendida de que o mundo é perigoso e hostil. A combinação desses dois fatores faz a pessoa perceber a si mesma como desamparada e solitária. Não importa o quão fria seja a relação, às vezes somente a presença do parceiro produz a sensação de estar a salvo. Estar com ele, compartilhar o mesmo espaço, respirar o mesmo ar, dormir na mesma cama, olhar a mesma televisão, cuidar dos mesmos filhos ou viver a mesma vida é suficiente para se sentir acompanhado, ou seja, “sem estar só”.
André Lyra
André Lyra
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