Patrícia sentiu o mundo desabar, quando o marido, depois de onze anos de casamento, quis se separar e saiu de casa.
A primeira coisa que Patrícia pensou foi nos filhos.
O menino tinha doze anos e a menina, dez.
Muitas dúvidas começaram a perturbar Patrícia, entre elas, o medo de não ter condições de criar e educar os filhos sozinha. Afinal o marido, que sempre foi seu porto seguro, estava indo embora, e mesmo que continuasse tendo contato com os filhos, ele não estaria mais em casa. Agora ela tinha que resolver tudo sozinha. O medo era muito forte, mas Patrícia resolveu tentar e assim recomeçou sua vida.
Passou a trabalhar fora, mas durante a semana, sempre arrumava um tempo para rever os deveres de casa dos filhos e discutir a importância de fazer as coisas certas. Nos finais de semana levava os filhos para passeios diferentes, iam ao parque, ao zoológico, e aos domingos, iam os três, à igreja. Patrícia achava muito importante que seus filhos aprendessem sobre Deus. E assim os dias foram passando. Patrícia acreditava que estava fazendo tudo certo, mas às vezes, a dúvida e o medo ainda a perturbavam.
Dois anos se passaram, até que um dia, houve uma festa na escola dos filhos. Quase no final da festa, a professora pediu a atenção de todos e começou a falar da difícil tarefa de ser mãe e do reconhecimento que todas mereciam. Depois de muitas palavras bonitas, a professora pediu que cada criança escolhesse uma flor, entre as muitas que estavam ali, para dar a sua mãe, como símbolo do quanto ela era amada.
Patrícia achou uma ótima idéia e ficou observando seus filhos. Enquanto isso, ela pensava nos momentos difíceis que os três tinham passado juntos. Ela olhava algumas flores, cada uma mais linda que a outra. Então começou a planejar onde iria plantar a flor que os filhos escolhessem. Afinal, com toda a certeza, eles dariam uma linda flor, como demonstração do grande amor que existia entre eles.
Mas Patrícia percebeu que os filhos estavam demorando muito, já que todas as crianças tinham escolhido as plantinhas e dado para suas mães. Parecia que eles estavam levando a tarefa muito à sério, olhando atentamente cada vaso de flor.
Finalmente seus filhos apareceram com um vaso, que estava escondido, bem no fundo. Felizes, os dois pegaram o vaso e correram para perto da mãe. Mas Patrícia teve uma grande surpresa. A planta estava murcha, com aspecto de velha, muito pequena, nem flor tinha, era muito feia.
Assustada, Patrícia sentiu vontade de chorar, mas para não deixar os filhos tristes, pegou o vaso que os filhos tinham escolhido. Só que eles pareciam não achar a planta feia, muito pelo contrário, olhavam para a plantinha orgulhosos e felizes.
Após a festa, Patrícia foi para casa com os filhos e perguntou:
- Meus amores, por que, no meio de tantas flores maravilhosas, vocês escolheram esta flor para me dar?
O menino, muito orgulhoso, deu um grande abraço na mãe e respondeu:
- Nós escolhemos essa plantinha mamãe, porque ela estava precisando de você.
Patrícia sentiu um grande alívio no coração e quase chorou. Abraçou os filhos com muita força e pensou que naquele momento, tinha acabado de ganhar o maior presente que alguém poderia imaginar. Todo o seu trabalho e sacrifício não tinham sido em vão.
O QUE APRENDEMOS:
Não existem pais perfeitos. Mas existem diversas formas para eles serem ótimos pais e mães.
Mesmo que tudo pareça impossível, procure ensinar aos seus filhos coisas que os ajudem a ser pessoas boas. Mostre que os sacrifícios sempre valem a pena, e que tudo nessa vida é possível, com força de vontade e com amor, e até mesmo a mais feia e murcha planta, pode dar lindas flores.
André Lyra